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#130 - Antes tarde do que nunca
Enviado por Lucca Moreira | 15 de Julho de 2025

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Depois de mais de três meses sem ir na academia e quase um sem exercício físico, estou de volta.
E essa ideia de voltar é muito mais difícil do que parece olhando por fora.
Havia um tempo que não ficava sem fazer nada, bastante tempo na verdade. Porém, após a maratona, com esse frio intenso, fui deixando a preguiça tomar conta.
Um dia virou três, três virou 14, 14 virou 31 dias contados.
Para quem vinha de mais de um ano fazendo esporte todos os dias, foi uma sensação muito estranha. Na superfície estava ótimo, mas ao passar as semanas fui sentindo em cada parte do meu corpo os malefícios.
Comecei a me estressar bem mais fácil. Teve um dia na semana passada que fiquei com raiva de três motoristas, uma coisa que para mim é totalmente atípica. Eu nunca estresso no trânsito.
Senti minha preguiça aumentando em relação a tudo. Na semana passada ela chegou no seu ápice e vivi uma semana ruim até de trabalho, algo que também não vivia há algum tempo...
Por fim, a ansiedade voltou a reaparecer. A gota d'água que me fez ligar o alerta de que precisava voltar.

A Ilusão do Prazer
Refletindo sobre o que foi esse último mês, percebi que no consciente estava tudo lindo. Eu estava amando não ter a responsabilidade de acordar cedo e poder ficar mais tempo na cama.
Estava achando uma delícia trabalhar menos porque "estava cansado demais". Porém, na prática os resultados são outros. Parecia bom, mas estava de pouco em pouco me quebrando por dentro.
Como se isso não bastasse, cada dia que não aguentava acordar cedo ou malhar estava deixando o ato mais difícil.
Tudo que você leu agora é na essência a dificuldade de viver nossa melhor vida. A melhor vida não é a melhor a nível de sentimento e prazer. Ela é a vida que precisa ser vivida.
A Bola de Neve Negativa
Eu gosto muito de uma frase do James Clear que fala algo nessa linha: "hábitos constroem mais hábitos, é uma bola de neve. Isso vale para hábitos positivos quanto para negativos".
Esse último mês, vindo de um ano e meio muito bem, me fez enxergar a importância de não recair. A bola de neve negativa cresce muito rápido. Muito!
A velocidade foi literalmente essa:
Comecei não malhando porque estava de desculpinha da maratona
O fato de não precisar malhar me fez querer dormir até mais tarde, havia ganhado tempo
Dormir mais tarde me fez ler menos e meditar menos, acordava sempre na hora de trabalhar
Não ter o esporte para relaxar começou a me deixar mais estressado
Minha produtividade foi caindo no trabalho, o que me deixou ainda mais estressado
Comecei então a ficar com preguiça do dia que estava por vir ("vai ser mais um daqueles dias" virou a frase recorrente)
Missões como essa aqui, de escrever, começaram a ser procrastinadas até a última hora
A qualidade dessas missões então caiu consideravelmente (só olhar os textos da semana passada, me dá até raiva)
A queda na qualidade começou a gerar uma ansiedade que me fez querer escapar cada vez mais (bebendo, fumando...)
Viu como é fácil? Uma vida de atleta, trabalhando muito, foi ao chão em algumas semanas de uma vida vivida pelo prazer.
Mas é um jogo igualzinho para o lado positivo. E foi isso que comecei a fazer.

O Meu Maior Segredo
Vou aproveitar essa volta para compartilhar meu maior segredo para ganhar de mim mesmo. Esse eu vou ser sincero, acho que descobri.
James Clear e outros especialistas defendem que as mudanças são ótimas de fazer em épocas propícias (segunda-feira, começo de mês, ano novo...) e eu concordo.
Porém, ele errou na minha visão em duas partes dessa afirmação: a mudança começa semanas antes e o melhor dia nunca é a segunda-feira, sempre o domingo.
A mente viciada no prazer precisa de uma preparação para mudar. Eu sou bem propenso a vício, então já tive minhas diversas recaídas e, graças a Deus, minhas voltas nessa última década.
O que funciona para mim, principalmente nas recaídas, é iniciar o processo sabendo que vai demorar umas semanas para conseguir efetivamente voltar.
Eu vou colocando na minha cabeça que a mudança vai acontecer amanhã, já esperando que vou falhar. A cada falha, meu prazer sobre aquela coisa vai diminuindo porque vou ficando é com raiva de mim mesmo.
Os dias passam, a raiva aumenta, minha vontade de retornar aos bons e difíceis hábitos vai tomando conta. Acho que aqui é uma questão de ter responsabilidade. Mesmo eu racionalizando as desculpas e fazendo o que não queria fazer, em nenhum momento eu tiro o gancho da responsabilidade.
O Gancho da Responsabilidade
Existe uma frase do filme The Covenant que para mim define essa responsabilidade. Ele está falando em relação a uma outra pessoa, mas conseguimos aplicar facilmente a nós mesmos:
"Ah, estou entendendo. Você me trouxe aqui para uma intervenção ou para me dar um tapa no pulso.
Não é por isso que estou aqui.
Você acha que se eu pudesse me livrar dessa dívida, eu não o faria? Você acha que se eu pudesse passar pelos canais normais, eu não o faria?
Não é assim que essa dívida funciona.
Ela exige um resultado, não um apaziguamento.
Há um gancho em mim, que você não pode ver, mas ele está lá.
E você acha que eu tenho escolha?
Não há a porra da escolha.
Vou tirar esse homem e sua família da situação em que o colocamos - e disso não tenho dúvidas.
E o senhor vai me ajudar, coronel.
A razão pela qual estou aqui é que salvei sua vida há oito anos.
Então, você vai conseguir esses vistos. Não sei como. Mas vai consegui-los, porque sei que você é o tipo de homem que paga suas dívidas.
Pague suas dívidas."

O gancho está lá dentro, mesmo que não percebemos, e ele vai machucando de pouco em pouco, consumindo cada fibra do nosso ser até perdermos a força para vivermos essa vida que necessitamos.
Essa noção de conseguir dar a desculpa mas não se perdoar pela desculpa é um pouco pesado. Talvez muito psicólogo iria contra isso, mas é o que vem funcionando para mim sempre que me encontro recaindo.
O Domingo É o Melhor Dia
Agora, para concluir, o segundo ponto que discordo do James Clear: o melhor dia é sempre domingo.
Por quê?
Porque domingo é um dia que podemos levar com mais calma, fazer tudo sem pressa e sentir o tédio para recomeçar. Ao invés de acordar na segunda desesperado, eu organizo minha vida domingo.
Fui malhar, joguei um tênis, fiz as compras da semana, meditei, me deixei ficar no tédio. E além de tudo, acordei com despertador (sem pressa) bem mais cedo do que acordo domingo.
O que isso me gera é um dia onde posso me permitir ficar mais cansado, onde fico mais leve em não trabalhar e ficar descansando. Naturalmente, por ter acordado cedo e ter malhado, eu fico cansado mais cedo. Já vou dormir mais cedo para acordar na segunda bem.
Deixar para mudar segunda não funciona para mim. Às vezes que já tentei é sempre o mesmo:
Durmo tarde no domingo e ainda com os hábitos ruins
Acordar segunda cedo vira uma missão dez vezes mais difícil
Acordo ansioso e com pressa porque tenho que fazer algumas coisas antes de ir trabalhar para colocar a cabeça no lugar, como malhar
Como estou desacostumado, fico fazendo hora, o que me faz atrasar, o que faz o resto do dia ficar bem ansioso
Qualquer hora que falho nesse começo do dia, fica fácil demais deixar para a semana que vem (mesmo que não queira)
Sei que parece extremo, mas como todo objeto tendemos a continuar na inércia. Portanto, nas mudanças temos que ser à prova de falhas. Eu prefiro deixar essa missão para domingo.
Antes Tarde do Que Nunca
E por mais que hoje já esteja de volta, sei que a jornada de quebrar a inércia está no seu primeiro momento e que ainda temos uma longa caminhada.
Mas antes tarde do que nunca. Então, se você está se encontrando nessa mesma situação, coloque o gancho na sua consciência, use do domingo e comece a mudar.
Uma semana de hábitos positivos pode ser tudo que você precisa para mudar completamente sua vida, felicidade e sucesso.
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Até a próxima,
Lucca Moreira,
Co-Founder Insight Espresso
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