- Insight Espresso
- Posts
- #112 - Humildade para crescer
#112 - Humildade para crescer
Enviado por Lucca Moreira | 05 de Maio de 2025

Escute a Insight clicando na sua plataforma: Spotify , Youtube e Amazon Music.
Recebeu de algum amigo? Se inscreva clicando aqui.
O que vamos explorar hoje?
Como transformei o momento mais difícil de um treino de 30 km na maior vitória da minha vida—e como você pode fazer o mesmo.
Por que me comparar com ultramaratonistas que correm 406 km direto me torna mais humilde, motivado e determinado a crescer.
Sofrer pode ser a chave que faltava para desbloquear seu máximo potencial—entenda como abraçar o desconforto para evoluir sempre.
Lições do meu último Longo (30km)
"Eu cheguei de muito longe. E a viagem foi tão longa. E na minha caminhada, obstáculos na estrada. Mas enfim aqui estou. Mas estou envergonhado com as coisas que eu vi. Mas não vou ficar calado. No conforto, acomodado. Como tantos por aí. É preciso dar um jeito, meu amigo. É preciso dar um jeito, meu amigo. Descansar não adianta. Quando a gente se levanta, quanta coisa aconteceu." – Erasmo Carlos
A primeira vez que escutei essa música foi no filme "Ainda Estou Aqui", e além de ser incrível, a letra ficou comigo nesses últimos 2 meses.
Toda vez que escuto, fico animado para fazer mais. Me tira da preguiça e da vontade de ficar quieto. Afinal, a vida é movimento. Não podemos ficar parados, nem calados.
Antes de começar a escrever, escutei-a mais uma vez e consegui ligar muito com essa última experiência que tive na corrida.
Neste sábado, corri 30 km pela primeira vez, e isso se tornou uma jornada incrível de resiliência.
E não foi pela distância em si—apesar de ser naturalmente difícil—mas porque eu estava péssimo. Tinha dormido pouco, menos de 6 horas, e comecei tarde a correr, às 8 horas da manhã.
Comecei com um amigo e estava sentindo bastante meu tornozelo e panturrilha. Ele ia correr 16 km e, no km 8, eu falei para ele: "Acho que hoje vou parar com você, estou quebrado, melhor deixar para semana que vem".
Seguimos correndo, o calor aumentando, mas comecei a entrar no ritmo. No km 12, meu amigo teve que parar para pegar água, e fiquei totalmente sozinho. Por algum motivo ali, já cansado e com preguiça, decidi que completaria os 30 km.
Eu faço algumas voltas onde sempre passo em frente à minha casa, e acabo usando minha portaria para guardar água e gel. Geralmente, a cada 4 km passo na porta.
Do km 12 ao km 30, toda vez que passava, minha mente implorava para parar—meu corpo também. Aquele não era o dia ideal para correr tanto, e toda vez que passava pela minha porta, a vontade era ficar por lá mesmo.
Aproximadamente no km 24, o corpo começou a ceder realmente. Comecei a ter calafrios; já eram 10:30 da manhã, ou seja, o sol estava FORTE.
Dores em todas as partes da perna, desidratação intensa e um desafio que poderia ser interrompido a qualquer momento me fizeram caminhar.
"Tá bom, Lucca, já foram 24 km. Semana que vem você faz os 30."
"Respeita seu corpo, ele está exausto. Você vai acabar se machucando e atrapalhar a maratona."
Esses pensamentos intrusivos apareceram com força máxima. Por 30 segundos, o mundo parou, e achei que aquele seria o fim do meu treino.
Mas não foi.

Humildade para crescer.
Nos últimos 6 km, entendi o que é realmente sofrer com esporte. Até então não tinha chegado ao meu máximo, e pela primeira vez senti exatamente isso.
Só lembrava da frase do David Goggins: "abrace o sofrimento (embrace the suck)", e repetia pra mim mesmo: "Só mais 1 km."
E de quilômetro em quilômetro, o sofrimento só aumentava, mas com ele vinha a sensação de que estava conquistando algo inestimável.
Ultrapassei uma barreira da minha resiliência que até hoje não tinha tocado. A meia maratona não chegou nem perto disso; treinos anteriores também não. Ali, eu SOFRI e CONTINUEI.
Completei com cãibra e mancando, mas quando meu relógio apitou o final do treino, a única coisa que pensei foi: "Aqui, eu completei a maratona."
Vivi meu primeiro breaking point nesses 9 meses, venci ele e vou carregar isso para minha vida.
Ao mesmo tempo—e aqui vem o motivo pelo qual contei tudo isso, ligando ao tema de hoje—eu ainda não sou ninguém e não atingi nada demais.
Acabei de conversar com um colega no trabalho que, no domingo, fez 46 km na montanha, e já correu ultramaratonas várias vezes.
Assisti a um podcast do Cameron Hanes, onde ele falava sobre sua próxima corrida que, no momento em que você está lendo essa mensagem, está acontecendo—406 km direto.
E isso é incrível de pensar. Isso tira toda a arrogância que às vezes sentimos quando completamos grandes desafios. Eu não sou ninguém. Eu não atingi nada.
Amo a ideia de ter pessoas fazendo 10, 20, 30 vezes mais que eu, porque me coloca na mentalidade de "estou longe, mas é possível".
Tenho dificuldade em falar da minha vida porque não considero que fiz nada incrível ainda. Por mais que pareça pouco saudável pensar assim, isso me faz muito bem.
Me coloca no lugar em que preciso estar para fazer mais. É uma competitividade saudável com o meu futuro eu interior.

Para respeitarmos, precisamos entender o desafio
30 km foram muito? Para o Lucca de 9 meses atrás, sim. Para o Lucca de duas semanas atrás, nem tanto. Para o Lucca pós-maratona, vai virar o mínimo.
Isso vale para o esporte da mesma forma que para a vida profissional.
É bom saber que sempre haverá alguém mais forte, mais determinado e mais resiliente que nós. Eles já abriram o caminho e mostraram que é possível—nós só precisamos entender como chegar lá também.
Quando estou com preguiça trabalhando no ar-condicionado, de casaco e com tudo que preciso ao meu lado, volto mentalmente para esses desafios pessoais e também para essas inspirações.
Difícil não é isso aqui que estou fazendo. Difícil é correr 406 km e gostar.
Mas, para entender o sofrimento que é correr 406 km, precisamos primeiro tangibilizar o que é sofrimento para nós. Senão, fica tão distante que nem conseguimos compreender, e acabamos atribuindo o feito a habilidades especiais.
Por isso, como uma forma da comparação ter efeito real, encontre seu sofrimento, abrace-o e estabeleça sua própria régua.
Nessa hora, pessoas como Goggins se tornam inspiração, porque você entende que, assim como você sofreu no seu desafio, ele foi ao inferno e voltou para completar o dele.
Está estressado? Sofra. Está focado demais em coisas pequenas? Sofra.
Ultramaratonistas são pessoas extremamente calmas por um motivo: a vida cotidiana, nos seus níveis mais difíceis, se torna algo divertido de se fazer.
Encontre seu caminho, puxe seu máximo e veja sua vida entrando em outro estado de calma.
E lembre-se do que estou dizendo: máximo é máximo. É fazer quando você já desistiu há algum tempo. Todos nós conseguimos chegar lá.
"O espírito humano é como uma faixa elástica. Quanto mais você o estica, maior será sua capacidade."

O que você achou da newsletter de hoje? |
Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas. |
Até a próxima,
Lucca Moreira,
Co-Founder Insight Espresso
Reply