#139 - o preço de ser original

Enviado por Lucca Moreira

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Estou lendo o livro "Originais" do Adam Grant e a principal reflexão que tirei foi: quando temos uma ideia verdadeiramente original, temos que ter paciência para ela ser entendida.

Nós achamos que gostamos de coisas originais e inovadoras, mas a verdade é totalmente o oposto. Nós buscamos o conhecido, o familiar, e quando não é assim vamos ter muitas reservas e dificuldades de aceitar.

Ele conta no livro o exemplo de uma diretora da CIA que revolucionou o mercado de informação dentro das agências de inteligência, mas demorou 30 anos para fazer.

Para ser original, pensar de forma original, precisamos ter calma e muita paciência.

Sair da conformidade é visto como afronta, quebrar antigos padrões é visto como hipocrisia e por isso grandes ideias muitas vezes caem ao chão. Não por ser uma ideia ruim, mas pelo mundo não estar preparado para aceitar ela.

Van Gogh e vários outros artistas cujas obras valem bilhões no presente morreram pobres.

O Preço da Originalidade

Para sermos originais precisamos ter uma crença e vontade enorme de tornar aquilo real, porque é muito mais fácil - para ganhar dinheiro, crescer na empresa ou viver uma vida "tranquila" - não ser original e seguir o padrão.

Hoje eu vejo o tanto que já sofri por tentar ser original, estar inconformado com a forma que fazemos as coisas só por fazer.

Só de parar de beber, algo original no mundo de hoje (que está se tornando cada vez mais um padrão), recebi críticas de todos ao meu redor. A ideia de criar algo meu, mesma coisa.

Quando decidi sair da carreira tradicional para empreender, quando decidi que não ia mais seguir o script de "formatura, emprego, casa, aposentadoria", todo mundo achou que eu estava louco.

E olha que essas nem são ideias tão radicais assim. Imagina quem realmente quebra paradigmas.

A Resistência É Natural

O ponto que quero trazer aqui não é na ótica de que vou provar eles errados ou nada disso. É que isso é natural. Ter resistência é ir contra algo que eu faço também na minha vida com diversas coisas.

Quando alguém chega com uma ideia muito diferente do que estou acostumado, minha primeira reação também é ceticismo. É humano. É proteção. É conforto.

A diferença é ter consciência disso e não deixar que essa resistência natural me impeça de ver valor onde ele existe.

Mas também é ter a consciência de que ser original é seguir um caminho com menos pessoas, fazer coisas desconfortáveis e enfrentar o sistema e o padrão.

Quanto Mais Original, Mais Sozinho

Quanto mais saímos do padrão, mais somos julgados e mal vistos. Porém, se é algo que acreditamos de verdade, precisamos fazer independente da consequência.

Enquanto todo mundo está seguindo o mesmo caminho, conversando sobre as mesmas coisas, reclamando dos mesmos problemas, você está lá, tentando construir algo diferente.

E as pessoas não entendem. Não porque são ruins, mas porque é difícil entender algo que você nunca viu.

A Fé do Original

Por isso que originalidade é mais sobre fé do que sobre genialidade. É sobre acreditar numa visão que só você vê, mesmo quando todo mundo está dizendo que você está errado.

É sobre aguentar anos de "isso não vai dar certo", "você está perdendo tempo", "volta para a realidade".

É sobre continuar quando não tem prova de que vai funcionar, quando não tem garantia de que alguém vai entender, quando a única coisa que você tem é a convicção de que aquilo precisa existir.

Vale a Pena?

Às vezes me pergunto se vale a pena. Se não seria mais fácil seguir o padrão, fazer o que todo mundo faz, viver a vida que todo mundo espera.

Seria mais fácil. Muito mais fácil.

Mas toda vez que penso nisso, lembro do Van Gogh. Ele nunca viu sua arte ser valorizada. Morreu pobre, incompreendido, sozinho.

Mas hoje, mais de 100 anos depois, suas obras tocam milhões de pessoas. Sua originalidade transcendeu o tempo.

E isso me faz pensar: talvez o valor da originalidade não esteja no reconhecimento imediato. Talvez esteja na coragem de criar algo que não existia antes, independente de quem vai entender.

As pessoas que mudaram o mundo e melhoraram pra sempre nossas vidas geralmente eram incompreendidos no seu tempo, talvez seja esse o preço a pagar, por isso que devemos querer muito fazer aquilo.

E quem sabe, um dia, o mundo finalmente entenda.

É melhor falhar na originalidade do que ter sucesso na imitação.

Herman Melville

Nota IMDB: 7,7

Onde assistir: Amazon Prime Video

Stephen Hawking passou décadas sendo questionado por suas teorias "malucas" sobre buracos negros e o universo. Enquanto a comunidade científica resistia às suas ideias, ele continuou acreditando e trabalhando, mesmo quando a esclerose lateral amiotrófica começou a limitar seu corpo.

O filme mostra como as ideias mais originais precisam de uma fé inabalável - não só na teoria, mas em si mesmo. Hawking nunca desistiu de tentar explicar o inexplicável, mesmo quando poucos entendiam. Hoje ele é considerado um dos maiores gênios da humanidade. A originalidade exige essa paciência: plantar árvores cujas sombras talvez você nunca vá desfrutar.

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Até a próxima,

Lucca Moreira,

Co-Founder Insight Espresso

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