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#105 - Rir do passado, viver para sentir e autorresponsabilidade

Enviado por Lucca Moreira | 18 de Abril de 2025

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O que vamos explorar hoje?

  • 💭 Como transformar arrependimento em motivação: um erro de 4 anos virou combustível para retomar um caminho — e como você pode fazer o mesmo.

  • 🧭 A dor pode vir de fora, mas a saída é só sua: Naval Ravikant e a escolha de não carregar o passado como peso.

  • 📚 Michael Lewis e o modelo de sucesso que não começa com dinheiro: quando seguir o interesse é a decisão mais segura que você pode tomar.

  • 1 indicação de um ótimo filme para o fim de semana.

Arrepender sem sofrer

Estou nessas últimas semanas começando um projeto novo e, nesse projeto, preciso aprender programação, mais especificamente JavaScript.

Nada de muito técnico, até porque com IA o processo de programar está infinitamente mais fácil.

E, enquanto treinava programação, lembrei que no começo da pandemia estava iniciando o exato mesmo processo. Fiquei com muita raiva de mim mesmo...

"Eu já poderia estar foda nisso aqui e, depois de 4 anos, estou novamente iniciando o processo de aprendizado."

Fui preguiçoso, pouco focado, e o pior de tudo é que, 4 anos atrás, SABIA que o caminho do mundo era esse — só não tive a resiliência de aprender.

Fiquei por um tempo com raiva até que comecei a rir... Rir da raiva e de estar remoendo sobre o passado. Tudo porque percebi uma verdade absoluta:

Eu só estou pensando assim porque evoluí e consigo enxergar isso hoje

A raiva então perdeu lugar para a felicidade, e a frustração, para uma energia renovada e vontade de aprender.

Arrependimentos fazem parte de sermos seres conscientes. Todos temos, e todos vamos ter. Apesar disso, sofrer por eles e nos culparmos é onde entregamos nossa felicidade a custo de nada.

Sofrer pelo passado é sofrer sem ter o que mudar. É reviver algo congelado na nossa memória, ou seja, o único sentimento que pode gerar é angústia.

No lugar da angústia, devemos tentar olhar para os arrependimentos com felicidade. Eles, acima de qualquer coisa, nos mostram o tanto que evoluímos.

Eu só me arrependi porque sei que, se tivesse continuado determinado e resiliente, hoje saberia MUITO de programação... E só consegui me arrepender porque, diferente do Lucca da pandemia, o Lucca de hoje sabe o valor de viver no desconforto.

Chega a ser engraçado essas armadilhas de reflexão… Nós estamos nos gerando angústia hoje por algo que não éramos. Ou seja, nunca teria como ser diferente do que foi.

Ao invés disso, ria. Internalize que a mudança ocorreu, sinta-se feliz por ter acontecido e continue caminhando. Só nós mesmos podemos nos fazer tristes pelo que arrependemos.

Podemos culpar pela dor, nunca pelo que fazemos depois

Ninguém mais é responsável por sua vida além de você. Muitas pessoas podem ser culpadas por sua dor e infelicidade. Mas ninguém mais é responsável por tirá-lo dessa dor ou infelicidade.

Mark Manson

Responsabilidade, já dando um spoiler, é algo que vou trazer na Tuesday da semana que vem — e hoje é algo que muitos de nós paramos de internalizar.

Queremos muito que as pessoas, governos e a sociedade resolvam nossos problemas... E pode ser que aconteça, mas depender disso traz consigo um grande problema.

Todos nós somos livres para agir e pensar da forma que bem entendermos e, com isso, carregamos em nós mesmos a responsabilidade dessa liberdade.

Pessoas podem nos machucar, podem nos deixar infelizes e, muitas vezes, forçarem que mudemos o rumo da nossa vida. Apesar disso, cabe somente a nós sair dessas situações melhor do que viemos.

Vi o podcast do Naval Ravikant esses dias e ele falou algo que ficou comigo. Chris Willianson perguntou sobre o passado dele, que foi muito difícil, e sua resposta é incrível...

"Eu não falo sobre o meu passado. Foi difícil, mas tomei a decisão, muito tempo atrás, de cortar ele... Não penso sobre, não preciso pensar, porque ele já não carrega dor alguma em mim."

Autorresponsabilidade é isso... Eu decido a minha reação contra a maldade do mundo. Ser complacente é também uma decisão. Não seja complacente, lute.

Viver para sentir

Esse é um texto traduzido do Billy Oppeinheimer. Achei tão sensacional que coloquei na íntegra. O dinheiro nunca deve ser o prêmio final — ele é consequência.

Michael Lewis estudou História da Arte em Princeton. Durante seu último ano, enquanto trabalhava em uma tese de 166 páginas sobre como o escultor italiano Donatello se inspirou nos antigos gregos e romanos, ele descobriu que adorava o processo de pesquisa e escrita.

Ele disse: “Lembro de pensar: ‘Agora eu sei o que quero fazer da vida: escrever livros’.” Mas, quando se formou em 1982, “como não tinha a menor ideia sobre o que deveria escrever”, Lewis fez o que a maioria dos seus colegas estava fazendo e aceitou um emprego em um banco de investimentos em Nova York.

Ao chegar lá, Wall Street vivia um momento de caos, excessos, e estava cheia de “recém-formados de Princeton que não sabiam nada sobre dinheiro ganhando pequenas fortunas”, segundo Lewis. Depois de um ano e meio observando cuidadosamente aquela loucura, Lewis decidiu que deixaria seu emprego para escrever seu primeiro livro sobre o assunto.

Quando contou aos colegas que pensava em deixar a empresa para virar escritor, eles riram, acreditando genuinamente que era uma brincadeira. Seu chefe — preocupado com a sanidade de alguém que abandonaria centenas de milhares de dólares — aconselhou Lewis a procurar um psiquiatra. Quando contou a decisão ao pai, ouviu o seguinte conselho: “Fique por 10 anos”, disse o pai. “Faça fortuna, e depois escreva seus livros.”

Enquanto refletia sobre o conselho do pai, Lewis relembrou a sensação que tivera ao trabalhar em sua tese: “Eu queria sentir novamente aquele interesse por algo.” Então, olhou para as pessoas dez anos mais velhas do que ele e percebeu: “Elas pareciam completamente presas. Suas vidas tinham se adaptado totalmente e dependiam do dinheiro, do cargo, do status. Se eu tivesse ficado mais 10 anos, sabia que também ficaria preso. Perderia o desejo de fazer aquela outra coisa. Teria esquecido a sensação.”

Lewis ignorou o conselho do pai e seguiu aquela sensação de interesse. Levou um ano e meio para escrever seu primeiro livro, e durante esse tempo, Lewis disse: “Eu estava ciente do meu futuro incerto, mas nunca senti algo como ‘se isso não der certo, estou ferrado’. Era mais como: ‘Estou fazendo exatamente o que quero fazer’.”

Hoje, ele compartilha isso com seus filhos e com qualquer pessoa que lhe peça conselhos:

“O sucesso deveria ser visto como um subproduto de fazer algo pelo qual você realmente se interessa. O objetivo é atravessar a vida de forma que você não perca aquilo, que não se afaste disso por acidente, que você esteja atento quando aquilo bater à sua porta.”

Esse primeiro livro foi Liar’s Poker — que vendeu milhões de cópias e lançou a prolífica carreira de Lewis escrevendo best-sellers como Moneyball, Um Sonho Possível, A Grande Aposta, entre muitos outros. Sempre como subproduto de algo pelo qual ele realmente se interessa.

1 Filme - Grande Aposta

Onde assistir: Netflix

Nota IMDB: 8.0

Baseado em fatos reais, A Grande Aposta acompanha investidores que, ao perceberem sinais ignorados por todos, apostam contra o mercado imobiliário dos Estados Unidos — pouco antes do colapso financeiro de 2008.

É sensacional, eu já assisti mais de 15 vezes e é escrito exatamente pelo Michael Lewis da nossa história acima. O filme mostra como cegueira coletiva, ganância e autoengano levaram o sistema financeiro à beira do abismo.

Mais do que um retrato da crise, é um alerta: quando todos seguem na mesma direção sem questionar, os poucos que enxergam a verdade parecem loucos — até estarem certos.

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Até a próxima,

Lucca Moreira,

Co-Founder Insight Espresso