Guerra comercial e estoicismo

Essa semana o mundo está um caos. Definitivamente, os movimentos de Trump com os aumentos de tarifas vão afetar o mundo inteiro.

Eu faço fisioterapia uma vez por semana e o pessoal lá sempre deixa a TV ligada na Globo. Obviamente, estavam falando sobre o que poderia acontecer e os efeitos de tudo que o Trump estava fazendo.

Ao meu redor, todo mundo entrou na discussão enquanto eu lia tranquilamente meu livro Antifrágil. Talvez o Lucca de dois anos atrás estaria coçando para participar, dar sua opinião e ativamente propor soluções sobre o que deveria ser feito.

E qual seria o ganho disso? Essa preocupação com os potenciais problemas e essa vontade de expor suas opiniões e soluções, no final do dia, não muda absolutamente nada.

Nós gostamos de estar "por dentro", de nos preocuparmos, condenarmos e buscarmos soluções. Mas, se não temos o poder de efetivamente fazer nada, isso se torna apenas palavras vazias, jogadas para o mundo sem efeito nenhum.

O Estoicismo defende fortemente o conceito contrário... Aceitar os eventos externos e focar no que podemos fazer dentro dessa nova realidade. Seja isso estudar oportunidades de crescer ou simplesmente continuar vivendo a nossa vida da melhor forma possível, se tudo aquilo estiver longe demais para sermos afetados ou afetarmos.

Pode parecer insensível — já me peguei usando exatamente esse argumento — mas não é...

O mundo é lotado de problemas, doenças, perigos, e os jornais ganham muito noticiando tudo isso.

Se focarmos em tudo, viveremos preocupados e sem poder fazer nada a respeito. Portanto, de que vale efetivamente essa preocupação, senão como uma forma de nos distrairmos daquilo sobre o qual temos real poder e efeito?

Minimizar arrependimentos

Enquanto trabalhava em um hedge fund, em 1994, Jeff Bezos começou a se interessar por criar uma empresa que vendesse livros na internet. Em uma caminhada de duas horas pelo Central Park, Bezos disse ao chefe que estava pensando em deixar o emprego. “Vou fazer algo maluco”, disse Bezos. “Vou abrir uma empresa para vender livros online.”

Ao fim da caminhada, o chefe de Bezos comentou: “Isso me parece uma boa ideia. Mas parece que seria melhor para alguém que não tivesse um bom emprego.” Ele incentivou Bezos a pensar sobre isso por mais 48 horas antes de tomar uma decisão final.

Durante essas 48 horas, Bezos conta: “Eu estava tentando encontrar a estrutura certa para tomar esse tipo de grande decisão… E a estrutura que encontrei — que tornou a decisão incrivelmente fácil — foi o que chamei de ‘Modelo de Minimização de Arrependimento.’”

Como funciona?

Bezos se projetou aos 80 anos e disse:

“Certo, agora estou olhando para trás, para a minha vida, e quero minimizar o número de arrependimentos que terei.”

E eu sabia que, quando tivesse 80 anos, não me arrependeria de ter tentado isso. Não me arrependeria de tentar participar dessa coisa chamada internet, que eu achava que seria algo realmente grande. Eu sabia que, se fracassasse, não me arrependeria.

Mas sabia que a única coisa de que talvez eu me arrependesse seria de nunca ter tentado. E eu sabia que isso me assombraria todos os dias. Então, quando pensei dessa forma, a decisão se tornou incrivelmente fácil.”

Ele saiu do fundo no meio do ano, então estava abrindo mão do seu bônus anual, o que ele conta que “no curto prazo, pode confundir”. Mas pensando no longo prazo, pensando nos 80 anos, esse bônus acaba se tornando insignificante.

Eu gosto muito desse processo. Já usei diversas vezes, inclusive para sair de oportunidades nas quais estava recebendo um dinheiro legal... Porém, que não estavam de acordo com o que o Lucca de 80 anos estaria feliz em ter vivido.

O que você mudaria na sua vida hoje se pensasse como seu eu de 80 anos? Use o processo, tome decisões no longo prazo, deixe de lado os barulhos de curto prazo.

Ações não elogiadas

Todo ser humano gosta de reconhecimento, porém o trabalho que mais importa é aquele feito quando ninguém está vendo.

As horas sozinhas que colocamos são o que as pessoas tendem a ignorar lá na frente, quando temos o nosso sucesso e falam: "nossa, como ele é sortudo."

E as noites trabalhando? E os sacrifícios dos finais de semana? E a dedicação ininterrupta e sem resultado por anos?

Isso ninguém vê... Na verdade, ninguém quer ver, porque significa que, no final do dia, nós somente nos dedicamos mais do que a outra pessoa — o que mostraria que ela poderia ter feito o mesmo, mas não fez.

Quais ações valentes não elogiadas você precisa encarar na sua vida?

Elas serão chamadas de sorte, mas você saberá o sacrifício e o trabalho que colocou — e isso importa mais do que qualquer elogio externo.

1 Filme - Capitão Fantástico

Onde assistir: Prime

Nota IMDB: 7.8

Ben Cash (Viggo Mortensen) criou seus seis filhos longe da sociedade, em uma floresta, ensinando filosofia, sobrevivência e liberdade de pensamento. Mas quando uma tragédia familiar os obriga a retornar ao “mundo real”, eles enfrentam o choque entre os valores que cultivaram e as regras do sistema.

Capitão Fantástico é um filme comovente e provocador sobre amor, paternidade e o verdadeiro significado de educar. Uma jornada que questiona: é possível preparar alguém para a vida sem fazê-lo se perder de si mesmo?

Até a próxima,

Lucca Moreira,

Co-Founder Insight Espresso